terça-feira, 28 de dezembro de 2010




...Então me diga como é isso? Você é o único que eu desejo poder esquecer O único que eu amo para não perdoar E apesar de você quebrar meu coração Você é o único...



A gente se engana. Este é o problema. A gente finje que está tudo bem, que entende e que concorda com tudo. A gente diz que já passou, que o passado é algo esquecível, que pode ser assim, exatamente como não queremos. A gente finje conformidade. A gente diz que pode superar, quando alguém ainda percebe algo, no meio de nossa atuação triunfal digna de cinema, quando tentamos demonstrar a indiferença conveniente nestes casos. A gente passa por cima de tudo que pode demonstrar que não é verdade. A gente sorri. É um sorriso que, se bem olharem, verão faltar algo. Mas sorrimos.A gente finje, sorri e explica que tudo já passou. Mas quando bate o entardecer das horas, quando bate os dias melancólicos (que sempre vêm, cedo ou tarde), é o telefone, lá do outro lado, que irá tocar. E não é porque a gente disse entender, não é só pra perguntar um 'como vai você?'. É ele querendo ouvir o impossível, ele querendo algo que vai na contramão de tudo que já foi concordado, dito e entendido. É ele. E a verdade contida nele sempre vêm a tona, vez por outra.
E ele parece não fazer parte deste 'a gente'. Nos denuncia. Nos entrega. Ela fica sem saber o que fazer. Fica gritando com ele, pedindo que pare de se autoflagelar. Então nós concordamos que não adianta nada finjir concordar. A gente entende que, apesar das tentativas, alguém aqui ainda sente algo que não deveria, e vai sempre se machucar.
É. A gente tenta esquecer, mas ainda dói de vez em quando. E é muito complicado atuar 24 horas.

Autora: Gabi Vianna

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